Doenças infecciosas, como Covid-19, varíola (incluindo a dos macacos), herpes, sífilis e HPV podem infectar o corpo por meio da boca
cuidado com a saúde bucal vai além da estética. Porta de entrada para nutrientes necessários ao corpo humano, a boca também pode introduzir microrganismos, como vírus e bactérias. Para avaliar as condições de saúde bucal da população brasileira, o Ministério da Saúde realiza a terceira edição da Pesquisa SB Brasil. Dos 422 municípios participantes, 77% estão na fase da coleta de dados, ou seja, ainda é possível participar.
A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal realizada em 2010 apontou queda de 26% de cárie dentária nas crianças com 12 anos de idade. Em 2003, na primeira edição da pesquisa, a média de dentes cariados nesta faixa etária era de 2,8. Com base em dados do índice CPO – dentes “Cariados, Perdidos e Obturados” – obtidos em 2010, o número reduziu para 2,1. Entre as pessoas com 15 e 19 anos, a queda do CPO foi ainda maior: houve redução de 30%, o que representa 18 milhões de dentes que deixaram de ser prejudicados pela cárie.
A cárie é a doença crônica não transmissível mais prevalente no mundo. Mas além das enfermidades da própria boca, outras doenças infecciosas, como Covid-19, varíola (incluindo a dos macacos), herpes, sífilis e HPV podem infectar o corpo por meio dela. “Isso porque a boca é, naturalmente, um ambiente de fácil contaminação”, explica o coordenador de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Wellington Carvalho.
“A falta da higiene adequada pode levar desde uma dor de dente até uma infecção, que pode se espalhar pelo corpo, causando quadros mais graves e, se permanecer sem tratamento, pode levar à morte, complementa Wellington. “Existe uma doença chamada endocardite bacteriana, que acontece quando a contaminação que começou na boca infecciona as estruturas internas do coração, levando a pessoa à internação”, exemplifica.
A boca tem também importante função social, seja falando, sorrindo ou beijando. Wellington esclarece que “uma pessoa que não está confortável com seu sorriso tem mais dificuldade de se comunicar e isso pode levar inclusive a problemas psicológicos. Ter uma boca saudável e funcional é importante para muitos aspectos da saúde física e mental”.
A publicação “Saúde Bucal no Sistema Único de Saúde”, escrita por profissionais da rede pública, pesquisadores de faculdades e universidades, traz conteúdo específico sobre atenção às doenças crônicas. Para a diabetes, por exemplo, o manual classifica o cuidado em saúde bucal como fundamental para a manutenção dos níveis glicêmicos e deve contemplar orientação de dieta, controle do biofilme dental – acúmulo de bactérias e outros microrganismos – e acompanhamento.
O tratamento das condições orais da terapia antineoplásica (quimioterapia) e de pacientes que vão passar por cirurgias de transplantes são importantes para aumentar a qualidade de vida, reduzir a morbidade e os custos dos tratamentos, segundo o manual.
A melhor forma de saber se a saúde bucal está em dia é procurando um dentista. Para Christian Colares, cirurgião dentista da Estratégia Saúde da Família na Unidade Básica de Saúde n°1, em São Sebastião/DF, “algumas pessoas devem procurar um profissional em períodos mais curtos, a cada seis meses e, outras, geralmente as que já passaram por uma rigorosa prevenção de saúde bucal, precisam retornar ao dentista a cada ano”.
Christian ensina algumas rotinas e medidas de prevenção para manutenção da qualidade de vida. “Evitar fumo e bebida alcoólica são práticas que ajudam a saúde da boca e do corpo, além daquelas rotinas mais específicas, como escovação, uso de fio dental e atendimento odontológico periodicamente”, lista. “Quanto à escovação, o ideal é escovar os dentes de manhã, ao acordar, e à noite. Além disso, também é importante realizar higiene sempre que a pessoa se alimentar, principalmente quando há ingestão de alimentos cariogênicos, ou seja, ricos em açúcar”, conclui o dentista.
Bianca Lima
Ministério da Saúde